28/08/13

27/08/13

Alvitre


Com texto de António Torrado e ilustrações de Maria Keil, na sua versão original, O Macaco de Rabo Cortado, um conto tradicional que nos ídos de sessenta/setenta integrava os manuais da segunda classe, agora "recuperado" pelo Plano Nacional de Leitura. Muito engraçado...


 
 

 

Cadernos de Encargos III - Saneamento


Desta vez vou ser curto e grosso.
Há uns anos atrás (talvez oito), também em período de campanha para as autárquicas, ouvi um conhecido conterrâneo comentar que, em pleno séc. XXI, um concelho sem uma cobertura de saneamento próxima dos 100%, seria um concelho do terceiro mundo. Não posso estar mais de acordo. Acrescento até que é vergonhoso em 2013 ter de incluir esta questão no meu caderno de encargos.
Ficam assim excluídos da minha opção de voto quaisquer partidos ou movimentos que não considerem este assunto como prioritário, não sendo aceites meras intenções ou referências genéricas. Obviamente que exijo a respectiva calendarização e compromisso de realização.
 

 

21/08/13

Para bom entendedor...

 
Inspirado pelo arraial do Pontal e pelos retemperadores banhos do infatigável Pedro, nas águas cálidas da Manta Rota, após umas generosas vacances decidi voltar à terra que me viu nascer, agora pejada de cartazes e de frases indecifráveis. Nota-se que, apesar de ainda gozar o direito constitucional ao descanso, a terra dos comunistas e das greves, começa lentamente a acordar para o folclore das campanhas eleitorais. Que saudades…
Viajei, descansei, li, comi, e fiz muitas outras coisas que me reservo no direito de não partilhar. Regressei a lugares de boa memória e a um Algarve que há muito não visitava. O Sotavento, que partilhei com o “nosso” Pedro, embora guardando uma aconselhável distância de segurança – uma espécie de cordão sanitário, longe das praias e da confusão, continua a oferecer lugares muito especiais, sobretudo lá para as bandas de Alcoutim ou de São Brás de Alportel.
Das esporádicas descidas ao litoral, foi com gosto que ao fim de muitos anos regressei a um pequeno restaurante junto à Ria Formosa, onde em tempos um velho com chapéu de marinheiro grelhava peixe logo à entrada, enchendo o ar com aromas divinos de sal e de mar. O velho, certamente descendente de Endovélico, deus lusitano da terra e da natureza, dera agora lugar a um rapazito de cara patusca e sorriso pronto que, com o mesmo chapéu e o no mesmo posto de trabalho, fazia sair a bom ritmo postas de cherne, sardinhas, ferreiras, salemas, espetadas de lula e muitas outras autênticas delicias do mar.
A principio desconfiei. Enquanto mastigava uma garfada de salada de tomate e orégãos, temperada com alma, perguntei a uma das empregadas pelo velho, e pelo novo – Então e moço, desenrasca-se?
O velho, fiquei a saber, está vivo e de boa saúde. Reformou-se ao fim de muitos e bons anos de verdadeiro serviço à comunidade, dando lugar aos mais novos. Por vezes ainda lá passa, transmitindo saber e simpatia. Já quanto ao novo, ouvi o comentário da colega e guardei a prova final para mim. Toda a desconfiança inicial se desvaneceu à primeira garfada de peixe assado no ponto. Suculento, fumado, saboroso. De pronto contrariei o instinto e atribui o bom trabalho do moço à qualidade e frescura do peixe e aos ensinamentos do mestre – Hum… há aqui dedo do velho!... De certeza!
Volvidos longos minutos de puro prazer e já aconchegado pelo café expresso e pela estimulante aguardente de medronho com que finalizei o repasto, dei por mim a palmilhar a calçada em ritmo de passeio, junto à ria, discutindo com os meus botões que se mostravam algo agastados com a minha postura – Então e moço, não tem nenhum mérito? – Anui. Afinal de contas se o velho com chapéu de marinheiro nunca tivesse começado, nunca teria tido oportunidade de fazer o que tão bem foi fazendo ao longo da vida.
É bem certo, a experiência resolve-se com o tempo. Já quanto ao bom senso, é mais complicado - “burro velho não aprende línguas”.